quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Escolha do Varão

Saudações, ditosos leitores! Cá encontro-me a redigir mais outra postagem para o Moral Harzard! O tema desta vez, como os mais perspicazes dentre vós talvez já tenham feito um palpite, relaciona-se novamente a uma aplicação pouco convencional da teoria econômica ao comportamento humano.

A teoria em questão que tenciono apresentar-vos desta vez surgiu num dos meus últimos encontros no Primeiro Diretório da Revolução, em nossa estimada Capital da República - que, na presente encarnação, é também a minha cidade natal. Pois bem, enquanto confabulávamos com extrema seriedade em um dos nossos quartéis-generais (cuja fachada calha de ser a de um estabelecimento em que se pratica a venda de bebidas alcoólicas) sobre a Revolução, o assunto foi momentaneamente desviado para as ocultas razões que levam senhores de respeito (e também a ralé) a contratar os serviços de meretrizes. Uma vez que todos os presentes professavam o ofício de economista, ensejou-se na ocasião, portanto, uma boa aplicação do douto método que aprendemos em nosso iluminado curso.

A explicação a que nossas mentes convergiram foi a seguinte: ao homem, ser formado de carne, ossos, sangue e hormônios, a companhia feminina apetece e dela, como no jargão do ramo costuma-se dizer, ele deriva utilidade e prazer. Para obtê-la numa noite, partindo da hipótese que é solteiro, dois são os meios que pode dispor. O primeiro deles é mediante a socialização e a persuasão, cortejando alguma dama com seu nobre espírito e demonstrações de galhardia, até, por fim, convencê-la a partilhar-lhe o leito. Deste método, duas peculiaridades são relevantes à nossa análise. Ao homem aventureiro não se revela antecipadamente o resultado de sua empresa - seu trinfo ou fracasso no fim da noite ele ignora enquanto corteja as damas. Esta incerteza é a peculiaridade primeira. A segunda é que a corte não é apenas incerta, como também custosa. Se não em nada mais, dispende-se tempo no processo de persuasão das senhoritas, mas freqüentemente outros gastos somam-se à lista: de transporte à bebidas, podemos muito bem perder uns bons dobrões de ouro em nossa busca - como bem nos disse Milton Friedman, de graça nada se come. Face a isto, apresenta-se então sua segunda opção: aquele que deseja esquivar-se de todo o rito de encantamento, seja por inépcia social que lhe tolhe as probabilidades de sucesso, seja por mera impaciência, os serviços de uma meretriz contratar pode. Metrópole ou confim, fino bairro ou chinfrim, lugar nenhum carece de moça que por dinheiro se oferece. O tinir de alguns dobrões é toda persuasão que se faz necessária e, se tua algibeira está cheia, risco nenhum de ficar na mão passarás. É desta comparação que pudemos enquadrar o dilema do homem varão dentro do seguinte "framework" (ignoro uma tradução adequada ao termo) microeconômico:

A noite de boemia é essencialmente uma loteria, cujo prêmio são as diversas senhoritas que podem terminar em tua companhia. Sobre elas, evidentemente o homem possui certa ordenação de preferências, embora tenha pouco controle sobre o resultado final do sorteio, o que faz com que ele incorra em certo risco ao optar por testar a sua sorte no cortejo. A meretriz seria então o que chamamos de "equivalente-certeza" da noitada: uma segunda opção que lhe dá um retorno certo.  Avançando mais na comparação, podemos então começar a caracterizar as preferências dos indivíduos quanto ao risco observando as escolhas que fazem: aqueles que mais se dispõem a contratar os serviços da profissão mais antiga do mundo são os que possuem uma maior aversão ao risco, não querendo por suas habilidades de cortejo à prova, optam por algo mais seguro. Já aqueles que preferem cortejar de moça em moça num baile ou balada em geral revelam-se, portanto, os indivíduos com perfil mais arrojado, propensos a tomarem riscos para alcançarem grandes recompensas, se lograrem sucesso.

Que lição então nos dá a Economia, após todas estas cadeias de pensamento? 
Que os homens que em geral preferem cortesãs não são pervertidos, apenas conservadores...

Meditai e ponderai, até a próxima.

Marquês de Salles - investidor agressivo.

3 comentários:

  1. hahahaha! Frutífero Primeiro Diretório Revolucionário! Recordo-me, com alegria, o início deste brilhante raciocíio aqui exposto de forma exímia.

    Indagação que, como as demais da Economia, permeavam as dúvidas que acabaram gerando tão nobre Ciência, perto do fim do Saudoso Século XVIII. Enfim, este foi um Marco teórico que já galgamos e podemos considerar já resolvido...E que venha o próximo Puzzle!

    Agora Camarada, tu és propenso ou avesso ao Risco?

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  2. Hahahahahah, como deixei entrever ao assinar a postagem, sou um dos agentes mais propensos ao risco que se tem notícia - embora seja possível argumentar que a minhas escolhas fogem da Teoria Econômica, por não raramente violarem alguns axiomas de racionalidade, hahahaha!

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  3. HAHAHAHAHA !só mesmo dando risadas dessa tua lógica um tanto quanto sofismática... em todo caso, um trecho em especial me chamou a atenção:
    "Para obtê-la numa noite, partindo da hipótese que é solteiro, dois são os meios que pode dispor." Só dois? hmmm que pensamento pequeno ;D HAHAHAHAHAHAHA brincadeira :}

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